Mês: junho 2019
Escritório de arquitetura alcança menções honrosas em concursos nacionais
Uma equipe de arquitetos e urbanistas, ligados ao escritório Via Arquitetura, de Joinville, conquistou a segunda menção honrosa em concursos nacionais do setor: o concurso para a sede do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do estado do Tocantins e o concurso Weefor, promovido por uma incorporadora e realizado pela AsBEA/PR.
Em dezembro do ano passado, a equipe do escritório Via Arquitetura, composta pelos arquitetos Eduardo Baptista Lopes, Eduardo João Berté, Marcelo Galafassi, Carolina Rocha Carvalho e Nedilo Xavier Pinheiro Junior, teve projeto selecionado no concurso entre os estudos preliminares apresentados para a nova sede do CAU/TO. O projeto mereceu uma das três menções honrosas concedidas pelo concurso. O vencedor foi o escritório mineiro Arquitetos Associados, seguido dos escritórios NV Arquitetura Eireli (2º lugar) e 0E1 Arquitetos (3º). Além da Via Arquitetura, mereceram menção honrosa os escritórios Conceito Arquitetura e Sauermartins Arquitetos.
Na seleção das propostas, o CAU/TO levou em consideração aspectos econômicos, legalidade e sustentabilidade em todas as fases da implantação da edificação. A comissão julgadora observou critérios como valorização da acessibilidade e dos espaços públicos, soluções de conforto térmico e eficiência energética, viabilidade técnico-construtiva e orçamentária e economia e eficiência na manutenção. Segundo o arquiteto Eduardo Baptista Lopes, o projeto da Via Arquitetura procurou ainda prestigiar aspectos culturais locais. “A nossa proposta destacou-se ao resgatar o uso do bloco cerâmico maciço na fachada, disposto de forma parametrizada, remetendo ao trançado indígena característico do Estado”, afirma.
A segunda menção honrosa conquistada pela equipe dos arquitetos Eduardo Baptista Lopes, Eduardo João Berté, Gustavo Peters de Souza e Nedilo Xavier Pinheiro Junior foi no concurso 1° aberto de Arquitetura, que selecionou projeto arquitetônico para um empreendimento residencial em Curitiba/PR. O destaque apontado pela comissão julgadora foi a leitura dinâmica e contemporânea atribuída à fachada. “Ao desenvolvermos o projeto, repensamos em todos os espaços, todas as funções do edifício, buscando sempre o disruptivo, o inovador”, conta Eduardo Baptista Lopes.
A equipe apostou na multiplicidade de uso dos espaços, propondo zonas de permanência nas circulações horizontais, o uso da cobertura como estufa para hortas orgânicas e aeroporto de drones. Áreas como salões de festas, academia e outros espaços de uso comum foram distribuídas entre os pavimentos, estimulando as relações sociais. A proposta para a garagem também é inovadora, oferecendo a possibilidade de implantar nas vagas áreas de escritórios, oficinas, ateliês e outras iniciativas caso o morador não utilize automóvel. “O importante é a crítica que fizemos aos espaços de uso comum do edifício, e como podíamos transformá-los em áreas ainda mais vivas e produtivas”, aponta o arquiteto.
Corpo de Bombeiros promove Workshop de Segurança Contra Incêndio em Içara
Em celebração à Semana de Prevenção a Incêndios e ao Dia Nacional do Bombeiro, celebrado em 2 de julho, o 4º Batalhão Bombeiro Militar promove o “Workshop de Segurança Contra Incêndio” nos dias 1º à 3 de julho, na cidade de Içara. A programação foi dividida por áreas de interesse e as inscrições podem ser realizadas por profissionais (civis) e militares através de formulário online. O evento tem como objetivo discutir melhorias de Segurança Contra Incêndio na região do 4º BBM, com a apresentação de desafios e providências para resolvê-los. Através do formulário, também podem ser registradas sugestões de melhorias para o processo de regularização, encaminhadas pelos participantes.
Programação:
O primeiro dia do workshop será dedicado aos responsáveis técnicos (engenheiros e arquitetos); o segundo aos proprietários, administradores e síndicos e o terceiro dia será reservado aos contabilistas. As vagas são limitadas e cada participante pode se inscrever em um, dois ou nos três datas do evento, bastando apenas marcar os dias de interesse.
1º de julho: Voltado aos responsáveis técnicos pelos Projetos Preventivos Contra Incêndio, com apresentação dos principais motivos de indeferimento de projetos em 2018 pelo quartel de Içara, orientações para evitá-los e como a Segurança Contra Incêndio tende a evoluir no Estado catarinense com a nova doutrina desenvolvida.
2 de julho: Será explicado como funciona a perícia de incêndios e explosões realizada pelo CBMSC, para que ela serve e como contribui para a melhoria da Segurança Contra Incêndio. Também será abordada a segurança contra incêndio para condomínios residenciais multifamiliares, conteúdo voltado principalmente para moradores, síndicos e administradores destes empreendimentos, visando conscientizá-los de que os sistemas e medidas de segurança exigidos pelo CBMSC são para que eles próprios utilizem, combatendo princípios de incêndio antes que evoluam para um sinistro maior.
3 de julho: Tem como público alvo os responsáveis pelas solicitações e entradas de processos para regularização junto ao CBMSC, especialmente contadores, para orientá-los sobre como realizar de maneira correta as solicitações junto ao órgão e acelerar o processo.
Workshop: Contribuições para melhoria da Segurança Contra Incêndio
Dias 1º, 2 e 3 de julho de 2019
Auditório da Cooperaliança
Rua Ipiranga, 333, Centro de Içara.
Dúvidas sobre as inscrições podem ser esclarecidas com o 4º Batalhão Bombeiro Militar, com sede em Criciúma: Telefone: (048) 3403-1550.
Dúvidas relacionadas a assuntos abordados no Workshop podem ser registradas diretamente no formulário, disponível em: https://bit.ly/2LfPy6N.
Fonte: CBM
Pedal Humanitário chama atenção para questão dos refugiados e migrantes
Um passeio de bicicleta vai movimentar Florianópolis no próximo sábado (29). É o II Pedal Humanitário, que tem saída marcada para às 9 horas, da praça em frente à sede da Justiça Federal, na Avenida Beira-Mar Norte. O Pedal está incluído na programação do Dia Mundial do Refugiado (20 de junho) e é uma atividade para inserir os migrantes que moram na capital catarinense.
A concentração para o II Pedal Humanitário começa às 8 horas, na praça em frente a Justiça Federal. O trajeto será pela Avenida Beira-Mar Norte, atravessando a ponte Colombo Salles, com chegada no Parque de Coqueiros, onde haverá uma Feira Multicultural, com comidas típicas e apresentações culturais de refugiados e imigrantes que moram em Florianópolis, além disso, haverá a doação de uniformes antigos descaracterizados da PRF aos imigrantes e refugiados, como forma de fomentar políticas intersetoriais preventivas.
Para se inscrever é necessária a doação de três quilos de alimentos não perecíveis (arroz, feijão ou farinha de trigo), que serão destinados às famílias dos refugiados, atendidas pelo Centro de Referência e Atendimento ao Imigrante (Crai/SC) e pela organização não-governamental Círculos de Hospitalidade.
Essa segunda edição do Pedal Humanitário (a primeira foi em junho de 2018), que vai contar com um representante da ACNUR – Agência da ONU para Refugiados, mantém o propósito de colocar em evidência a realidade vivida por milhões de pessoas em todo o mundo, que têm suas vidas destroçadas por guerras, violência e catástrofes naturais. São pessoas que têm suas vidas marcadas por deslocamentos forçados e hostilidades, tornando-se, muitas vezes, vulneráveis ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas. Diante dessa realidade, para contrapor esse sentimento xenofóbico, e da necessidade de políticas públicas humanizadas e da construção de espaços de conexão e integração, aproximando a sociedade de acolhida das comunidades refugiadas e imigrantes, surgiu o Pedal Humanitário.
Foi a partir desse movimento de sensibilização que o Pedal Humanitário foi criado e é promovido agora pelo Programa Bem Viver do Ministério Público Federal (MPF) em Santa Catarina, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, por meio da Comissão de Direitos Humanos, Círculos de Hospitalidade e Crai/SC, com patrocínio da Engie e apoio do artista plástico Luciano Martins, Yellow, Guarda Municipal de Florianópolis, Cicles Hoffmann, Justiça Federal de Santa Catarina, Eletrosul.
Em junho de 2018 foram inscritos 127 ciclistas, que pedalaram por mais amor, fraternidade, visibilidade e hospitalidade. Para o passeio de bicicleta do próximo sábado a organização espera mais de 200 ciclistas pedalando por uma sociedade mais inclusiva e receptiva.
Para mais informações, formas de apoio e fazer as inscrições faça contato pelo e-mail
prsc-bemviver@mpf.mp.br .
Serviço:
O quê: II Pedal Humanitário
Onde: Pátio em frente a Justiça Federal de Santa Catarina (partida).
Quando: Dia 29 de junho – Sábado – a partir das 8 horas.
Fonte: MPF
O Movimento Nacional ODS Santa Catarina e a Editora Expressão realizam o Fórum Brasil ODS 2019. O evento busca promover o debate e o intercâmbio de conhecimento acerca dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil e será realizado nos dias 28 e 29 de junho, no Jurerê Beach Village, em Jurerê Internacional. As inscrições estão abertas e podem ser feitas AQUI.
Durante dois dias, o Fórum irá reunir especialistas em um encontro que reforça a importância da Agenda 2030 para Santa Catarina, para o Brasil e para o planeta, além de difundir a relevância da aplicação dos ODS no país, apresentando exemplos bem sucedidos da implantação deles nas empresas. Signatário do movimento, o CAU/SC estará representado no evento.
“A Agenda 2030 é um plano de ação assinado por líderes mundiais que estiveram reunidos na sede da ONU em setembro de 2015 e que se comprometeram a trabalhar para erradicação da pobreza, para a proteção do planeta e para garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade. A partir de então é que foram definidos os 17 ODS, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com metas e tarefas coletivas que devem ser cumpridas até 2030”, explica a Coordenadora Geral do Movimento ODS Santa Catarina, Katiane Vieira.
Dessa forma, o Fórum Brasil ODS 2019 inova ao reunir grandes nomes do país que irão propor uma reflexão sobre o quanto o Brasil avançou nessa pauta e quais caminhos deve seguir.
Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável são: erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, saúde e bem-estar, educação de qualidade, igualdade de gênero, água potável e saneamento, energia acessível e limpa, trabalho decente e crescimento econômico, indústria, inovação e infraestrutura, redução das desigualdades, cidades e comunidades sustentáveis, consumo e produção responsáveis, ação contra a mudança global do clima, vida na água, vida terrestre, paz, justiça e instituições eficazes, parcerias e meios de implementação.
Durante o Fórum, também será feita a entrega do Prêmio ODS Santa Catarina, que irá valorizar as melhores iniciativas de pessoas e organizações signatárias do Movimento Nacional ODS no Estado.
Prorrogadas inscrições para o 1º Fórum Nacional de Arquitetura Judiciária: o Futuro do Judiciário
Estão abertas, até 24 de junho, as inscrições para o 1º Fórum Nacional de Arquitetura Judiciária: o Futuro do Judiciário. O encontro acontecerá nos dias 27 e 28 de junho de 2019, nos turnos matutino e vespertino, no Auditório do Tribunal Pleno do TJSC, em Florianópolis/SC.O evento é voltado às equipes técnicas e gerenciais das áreas de arquitetura e engenharia dos tribunais de justiça estaduais.
O segundo dia do evento prevê a realização de três oficinas simultâneas. Gestão de Processos, Segurança Institucional ou Novas Tecnologias e Infraestrutura. Os/as participantes devem informar a opção no ato da inscrição.
Serão abordadas as seguintes questões: a importância da arquitetura judiciária na efetividade da justiça; a contribuição do Conselho Nacional de Justiça no panorama da arquitetura judiciária brasileira; o desenho arquitetônico e a eficiência do Judiciário (a percepção da relação entre pessoas e ambientes no projetar para a Justiça); o processo eletrônico e seus efeitos no espaço físico do Judiciário (o impacto da migração dos processos físicos para eletrônicos no espaço físico de fórum e unidades administrativas do Tribunal de Justiça de São Paulo); a experiência de videoconferência com réus presos no Tribunal de Justiça do Ceará; a colaboração do projeto arquitetônico nos sistemas de segurança; soluções de segurança aplicadas nos projetos arquitetônicos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais; estudo econômico para a utilização racional do espaço físico no Poder Judiciário; gestão de processos (planejamento e gestão de projetos e obras na justiça federal); e uso de painéis solares na sede do Tribunal Superior Eleitoral.
Fonte: TJSC
Reduzir o consumo energético das edificações nos seus diferentes ciclos de vida é um dos desafios para a sustentabilidade na arquitetura. Diante do esforço mundial para enfrentar o aquecimento global, arquitetos e urbanistas são provocados a refletir sobre formas de diminuir o consumo de energia em diferentes etapas e áreas de atuação, do projeto à arquitetura de interiores.
O tema é a especialidade da colombiana Maria Andrea Triana, arquiteta do Laboratório de Eficiência Energética da UFSC-LabEEE, que palestrou sobre “Eficiência energética na Arquitetura” durante o I Fórum de Energias Renováveis. O evento, promovido em maio pela Sociedade de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Alto Irani (Seai) em Xanxerê, teve o apoio do CAU/SC.
Nesta entrevista concedida por e-mail, a arquiteta oferece ferramentas técnicas para a redução do consumo energético nos setores residenciais, comerciais e também nos planos urbanísticos. Também aponta a desconexão entre as demandas de redução energética e as leis que regem o espaço urbano. “Todas as nossas ações criam impactos no meio ambiente. Porém temos o dever com a nossa geração e com as gerações futuras de buscar um desenvolvimento que esteja alinhado com o objetivo da sustentabilidade”, defende a arquiteta.
Leia a entrevista na íntegra:
O que é eficiência energética?
Eficiência energética nas edificações é alcançada quando se realizam os mesmos serviços ou se obtém os mesmos resultados usando uma menor quantidade de recursos energéticos. A ideia é que uma edificação apresente um bom desempenho e conforto térmico para os usuários, com um menor consumo de energia.
Porque este conceito é importante para a arquitetura?
Quando se fala em sustentabilidade nas edificações, uma das questões primordiais que se aborda é o uso da energia. A indústria da construção ocasiona um alto impacto ambiental. Os edifícios (considerando os residenciais, comerciais, de serviço e públicos) representam 51% do consumo de energia elétrica no país e a tendência é de aumento por conta de vários fatores, entre eles aumento da população, busca por maior conforto, mudanças climáticas, entre outros. O aumento do consumo de energia na operação das edificações também implica no aumento das emissões de CO2, causadoras do efeito estufa.
Os edifícios consomem energia durante todo o seu ciclo de vida, isto é, na construção das edificações é consumida energia através da fabricação dos materiais e componentes que são usados, chamada de energia incorporada nos materiais. Durante o funcionamento das edificações é consumida energia tanto na operação, quanto na manutenção da edificação e finalmente pode ser consumida energia na sua fase de desconstrução ou pós-uso, dependendo do destino final da edificação.
Políticas em diversos países estão buscando uma redução no consumo energético das edificações, indo até conceitos de edifícios de energia zero ou de zero emissões.
Igualmente, Brasil é signatário do COP 21 de Paris onde se buscou propor ações para limitar o aquecimento global a 2ºC, e preferencialmente a 1,5ºC. Entre as ações propostas para as contribuições nacionalmente determinadas do Brasil – iNDCs para alcançar a redução de emissões de 37% em 2025 e 43% em 2030 com base no ano de 2005, estão a participação de 45% de energias renováveis na matriz energética e 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico. Estas duas ações refletem de forma direta nos projetos que sejam propostos de arquitetura, os quais deveriam estar com base no pilar de eficiência energética que engloba arquitetura bioclimática, uso de equipamentos eficientes e incorporação de energia renovável.
Quais os principais parâmetros para se alcançar a eficiência energética nos edifícios e na cidade?
Nos edifícios é importante ver quais são os principais usos finais por setor, para assim poder saber onde atuar. Por exemplo, no setor residencial a parcela de consumo correspondente à ar condicionado, aquecimento de água por chuveiro elétrico e uso de geladeira é significativa, sendo em menor proporção à parcela que corresponde à iluminação artificial. Com relação à isso, o uso de equipamentos eficientes (geladeira, lâmpadas), como aqueles que são classificados nível A em consumo energético pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro ou que tem Selo Procel garantem um baixo consumo energético. De outro lado, o uso de fontes alternativas de energia como aquecimento solar, reduzem a parcela de consumo de energia elétrica correspondente ao chuveiro elétrico. Já o consumo de ar condicionado pode ser reduzido primeiro com um projeto bioclimático, que esteja adequado ao contexto em que se encontra e que tira partido das características do local, através de um desenho passivo, onde se potencialize a orientação em função da insolação, ventilação, iluminação natural, sombreamento adequado, cores e desempenho termoenergético dos materiais conforme adequado. A plataforma Projeteee, criada pelo Ministério do Meio Ambiente, em cooperação com o PNUD e com o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina – LabEEE/UFSC facilita o acesso a informações do clima e estratégias adequadas para um projeto bioclimático. O projeto arquitetônico com as especificações dos componentes, materiais, orientação, determina se a edificação proporcionará maior ou menor conforto aos usuários e portanto, precisará de mais ou menos consumo energético através de condicionamento artificial. O projeto também determina a melhor incorporação de energias renováveis. Somente depois que se tenha pensado em termos de eficiência energética no projeto é que deve ser pensado no uso de equipamentos de condicionamento ambiental eficientes, caso necessário e, na incorporação de energias renováveis, como por exemplo a fotovoltaica para produção de eletricidade, pois assim a demanda será menor.
De outro lado, no setor comercial, os usos finais podem variar um pouco mais, dependendo da tipologia, mas de forma geral se destacam ar condicionado, a iluminação artificial e o uso de equipamentos. Desta forma, neste setor, assim como na tipologia de edificações de serviço e públicas é muito importante o balanço entre ganho de calor admitido na edificação e a iluminação natural. Como nesta tipologia é muito comum o maior uso do vidro, é muito importante a orientação das fachadas e o sombreamento adequado, mesmo com o uso de vidros de melhor desempenho. Paredes externas e cobertura com mais baixa absortância solar, geralmente associadas a cores mais claras são também mais desejáveis. Também o uso de aparelhos mais eficientes, assim como a integração entre iluminação natural e artificial e, finalmente o comportamento do usuário pode ser decisivo para alcançar objetivos de eficiência energética, daí a importância da capacitação. Para o setor público, o projeto Cidades Eficientes, do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável criou um portal com informações “Guia de melhores práticas para municípios brasileiros” que busca difundir boas práticas nas cidades, entre elas relacionadas à eficiência energética. O público alvo do guia são os gestores públicos.
Quando se pensa em edificações eficientes, deve ser pensado o projeto de forma global, desde o projeto arquitetônico, até a arquitetura de interiores, pois esta última pode contribuir para potencializar as ações adotadas para eficiência energética da edificação ou pelo contrário pode influenciar negativamente, caso não sejam consideradas premissas de eficiência energética.
Nas cidades é importante considerar o fenômeno de ilha de calor urbana, que aumenta a temperatura das cidades, o qual acontece por conta da remoção da vegetação, pelas propriedades térmicas dos materiais que se usam nas superfícies, como coberturas de fibrocimento por exemplo que apresentam uma alta absortância solar, ruas em asfalto e calçadas impermeáveis. A proporção entre as edificações e as ruas também influenciam na movimentação do ar através das edificações e no sombreamento. Algumas soluções que podem ser apontadas são o uso de coberturas vegetadas, coberturas frias, ou seja que tenham uma menor absortância solar sendo mais reflexivas e pavimentos mais permeáveis, contudo avaliando no contexto, de forma por exemplo, a evitar-se ofuscamento nos vizinhos no caso do uso de coberturas mais reflexivas.
As cidades são desenhadas a partir de leis urbanísticas que regulam a ocupação do solo e seus gabaritos. Qual a sua opinião sobre a eficiência energética das cidades brasileiras?
Na minha opinião a eficiência energética praticamente não é levada em consideração nas leis urbanísticas e com isso se estão perdendo grandes oportunidades. O microclima das cidades ou de certas zonas da cidade pode ser fortemente afetado pelas decisões tomadas no planejamento urbano, e isto pode impactar de forma direta no consumo energético das edificações do local. Igualmente preocupa a falta de convergência que se tem entre leis urbanísticas e normativas de desempenho. Por exemplo, algumas questões que são consideradas na norma de desempenho NBR 15575, como questões de iluminação natural, podem não ser atendidas em função do que é colocado em algumas leis urbanísticas.
Que princípios devem ser considerados para se obter ambientes mais sustentáveis?
Devemos considerar que sempre todas as nossas ações criam impactos no meio ambiente. Porém temos o dever com a nossa geração e com as gerações futuras de buscar um desenvolvimento que esteja alinhado com o objetivo da sustentabilidade. No ambiente construído significa projetar e construir buscando minimizar impactos, e de preferência criando impactos positivos no contexto no qual está inserido o projeto.
Sustentabilidade no ambiente construído envolve muitas áreas, principalmente arquitetura bioclimática que permite um uso racional de recursos relacionados à energia, materiais, sendo também muito importante um uso racional de água. Também deve ser considerada a relação adequada com o entorno, alta qualidade ambiental interna do edifício, considerar aspectos sociais e econômicos, flexibilidade e ainda considerar as mudanças climáticas e prever nos projetos respostas de adaptação e mitigação. Sustentabilidade considera a vertente ambiental, econômica e social, sendo que todos esses aspectos são importantes que sejam considerados dentro do conceito do ciclo de vida. Assim, por exemplo, o desempenho e custo no ciclo de vida de uma edificação, deve ser mais importante que o custo inicial. Sendo que o vemos no país é muitas vezes contrario a este conceito, em especial quando se fala de edificações públicas ou habitações de baixa renda.
Com relação à energia, a Etiquetagem de energia de edificações do PBE Edifica mostra o nível de eficiência das edificações. Para edificações residenciais, comerciais e de serviço ainda a adoção é voluntária. Contudo, a instrução normativa No. 2 de 04 de junho de 2014 colocou que todas as edificações públicas federais no Brasil, considerando novas ou retrofit devem ter o maior nível da etiqueta de energia (nível A) no PBE Edifica. Esta é uma política que, por exemplo, já é adotada em muitos países e cidades onde os usuários sabem qual o nível de eficiência energética das unidades que estão comprando/alugando, sendo também exigido para muitas edificações públicas. A metodologia da etiquetagem de energia de edificações brasileira está sendo atualizada com desenvolvimento pelo LabEEE/UFSC, e terá algumas mudanças, entre elas um maior incentivo na incorporação de energias renováveis em especial de geração local, na busca por estímulo a edificações mais eficientes e em acordo com a política pública que permite a geração de energia por parte dos consumidores.
Finalmente, na busca por ambientes mais sustentáveis, ressaltasse a importância de um processo de projeto mais integrado e multidisciplinar.
O Instituto de Arquitetos do Brasil – núcleo Criciúma promove no dia 13 de junho mais uma edição do IAB Talk. O evento, que acontece a cada três meses com o intuito de fomentar discussões de interesse dos profissionais debaterá desta vez o tema Atuação Profissional. Veja quem são os convidados do debate, que será mediado pela arquiteta Vânia Búrigo, ex-presidente do IAB – SC:
Os ingressos custam R$ 20 e R$ 15 para estudantes e associados. As inscrições são feitas neste link
Territórios complexos e os desafios dos centros históricos: uma reflexão sobre memória, renovação urbana e sustentabilidade
Daniela Sarmento*
Hoje quero refletir sobre essa frase do nosso querido arquiteto Sérgio Bernardes, que um dia disse – “antes de querer desenhar casas e cidades precisamos desenhar as ideias do mundo contemporâneo. Para quê casas e cidades se o homem não pode cumprir sua existência com plenitude?”.
Quando circulamos por nossa cidade e identificamos todas as demandas a que não conseguimos dar respostas, percebemos o tanto estamos presos em tentativas de resolver os fatores casuais e momentâneos, e o quanto isso nos impede a realização de ações mais abrangentes, capazes de conferir à sociedade uma vida onde a condição humana seja integralmente respeitada.
Sobre a abrangência da ciência do urbanismo “qualquer pretensão no campo do urbanismo obriga a tomar como ponto de partida essa visão panorâmica. Quando pretende-se apenas colocar remendos na paisagem, pode-se agravar os problemas, pensando em resolvê-los.”
Ele fala dos limites do tempo: o tempo de ação do poder governamental, o tempo de ação dos indivíduos, o tempo urgente das coisas defasadas, o tempo de fazer coisas novas, o tempo de mudança. Vivemos um descompasso de tempo.
Porém, o tempo passa e nos cabe dar respostas. Nem sempre o tempo do entendimento é o tempo da construção, e nesse descompasso a cidade se deteriora em seu estado de abandono.
Precisamos equalizar e vencer os “demônios” do nosso tempo – falta de diálogo, respeito, humanidade, conservadorismo, medo – que tornam o poder público cada vez mais impotente e os indivíduos com cada vez menos identidade. Só conseguiremos exorcizá-los se todos estiverem dispostos a um pacto pela reciclagem do pensamento. Isso significa, equalizar-se no tempo para buscar um novo desenho de si e para cidade.
É preciso, por exemplo, debater o uso da cidade para que não tenhamos casas vazias. Na lógica que vivemos hoje, a cidade gera resíduos, ambientes que não servem mais são abandonados ou destruídos. Esta lógica é totalmente insustentável. A cidade se constrói com alto impacto ambiental, utiliza-se de recursos que impactam o local da construção e de onde se extrai a matéria prima. É urgente divulgar que esses recursos são finitos e ressignificar os espaços para que eles saiam do modo abandonado para o modo otimizado.
Intervenções feitas em nosso centro histórico são estudadas de forma isoladas. Por mais que os estudos considerem todos os patrimônios da área, não se tem uma visão de conjunto, uma estratégia global. Não se percebe as possibilidades de conexões; não se considera as perspectivas históricas, não se prioriza o pedestre. Os olhos dos usuários estão cada vez mais distantes do espaço público.
Os argumentos para se intervir em nossa cidade não podem se resumir apenas ao entendimento do valor imobiliário definido pelos empreendedores. Precisamos saber o que queremos para a nossa cidade, construir critérios considerando o valor do uso do espaço e o valor de sua existência. O desafio está em traduzir e tornar visíveis esses valores para que preservar e ressignificar passe a ser evidências comuns e desejo de todos.
É um equívoco pensar a cidade apenas sob o ponto de vista jurídico e sob a lógica estrutural. É necessário um olhar mais sensível, abrangente e responsável. Centros históricos tem um significado imaterial e temos que entender essa dimensão social e política do espaço; compreender que a perda de um edifício histórico é uma perda social e ambiental.
Cada um de nós guarda uma imagem da cidade. A partir da nossa vivência, construímos valores atrelados àquilo que consideramos importante, que nos ameaça ou nos deixa seguro. Cada cidadão tem um jeito de perceber a cidade, suas preferências, um canto, um recanto que guarda na memória. Essas impressões vão além do construído, pois o espaço ocupado é um agregador de vivências, histórias, sensações, encontros e memórias. Com isso, temos nas cidades sistemas complexos, conexões físicas simbólicas e subjetivas. Esse contexto nos faz olhar os centros históricos na perspectiva do seu valor comunitário. Isso precisa ser entendido como um ativo de valor, pelo que é singular e precioso, tornando os centros históricos áreas de oportunidade.
Precisamos ir além da necessidade de preservação, dar uso como resultado de uma cidade que se vê de uma forma integral e cíclica. Os negócios imobiliários geridos até século XX não tinham uma perspectiva de finitude. Hoje temos informações concretas da finitude dos nossos recursos. Isso traz para o debate de preservação uma urgência que vai além da questão simbólica e cultural. Traz a urgência de ser uma alternativa de sustentabilidade para cidade contemporânea.
Interessante compreender e estimular a capacidade da regeneração dos espaços. Isso inclui o envolvimento consciente de toda a sociedade. A cidade é a expressão da nossa cultura e é imperativo refletir sobre os impactos da ideologia do novo. Diante disso, é fundamental a construção do contraponto a partir do entendimento da responsabilidade ambiental, e atualizar as estratégias utilizando novos conceitos como o da economia circular, que nos ajuda a enxergar a cidade e seu patrimônio inserido em um fluxo criativo, diverso e integrado com outras economias.
Esse processo depende do ativo social, da capacidade de mobilização e entendimento de si mesmo. São ações de baixo pra cima que tendem a virar o jogo, a potencialidade de um arranjo de co-criação capaz de produzir respostas inclusivas. Pensar a diversidade econômica, a distribuição da responsabilidade, usufruir dos instrumentos urbanísticos e capturar, da valorização imobiliária, subsídios para promover a regeneração urbana.
Lançar o olhar para as coisas fixas da cidade e entendê-la, a partir do fluxo da nova economia, uma forma de buscar uma nova relação com patrimônio através de ações coletivas e significativas. Não é possível mais pautar o debate da preservação acreditando que apenas o proprietário sozinho vai dar conta de preservar seu patrimônio porque a urgência de se preservar extrapola a condição do direito privado. O meio ambiente, a cidade a paisagem são bens coletivos; então, a regeneração deve vir a partir de novos arranjos sociais, econômicos e jurídicos.
É preciso ressignificar nossos métodos, nossas narrativas e buscar um caminho de sensibilização e informação para deixar de ver o patrimônio como um castigo e compreender que ele é parte de um legado cultural, que gera impacto ambiental e que tem de ser regenerado e ressignificado por todos.
Não estamos sós, mas estamos distantes. A aproximação dos profissionais de arquitetura do Sul do país no encontro da Comissão de Planejamento Urbano e Ambiental, em parceria com as CPUAS do CAU/BR e CAU/RS, CAU/PR e CAU/SC, assinala a intenção do Conselho de Arquitetura em abrir um diálogo com a sociedade, arquitetos e os gestores públicos para buscar soluções para os problemas complexos de nossas cidades – e, em recorte, os desafios do cenário de estagnação dos centros históricos. Estamos imbuídos da missão de construir alternativas e buscar uma estratégia de defesa e recuperação do patrimônio construído, que promova a regeneração dos centros históricos com inclusão social, desenvolvimento econômico e equilíbrio ambiental.
*Presidente do CAU/SC
Código de Ética orienta sobre a formalização de contrato de trabalho
A formalização dos serviços arquitetônicos e urbanísticos é um dever previsto no código de ética profissional. A orientação é da Comissão de Ética e Disciplina do CAU/SC.
Confira o que diz o Artigo 4.2.10 do Código de Ética e Disciplina do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil:
O contrato entre o profissional e o contratante deve definir as especificações da obra (concepção, construção etc.) e o que mais se refira às suas atividades, tarefas, trabalhos. O termo também pode evitar possíveis contestações, controvérsias ou conflitos litigiosos.
Para orientar os profissionais sobre a produção de contratos de serviço, a Gerência Técnica do CAU/SC produziu uma série de vídeos que estão disponíveis no canal do CAU/SC no Youtube. Divididos em quatro episódios, os audiovisuais alertam sobre temas como a qualificação das partes, as obrigações do contratante e contratado, propriedade intelectual, condições de remuneração, prazo de duração, acordo de confidencialidade, extinção e rescisão contratual.
Confira!