Arquitetura

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Planejamento urbano e acesso ao transporte também afetam a saúde mental

A cidade pede atenção, os carros pedem passagem, o barulho invade o espaço físico e mental. Nenhum desses pedidos vem com aviso prévio e muitas vezes sequer são percebidos.

Sergio Trentini
The CityFix Brasil

A cidade pede atenção, os carros pedem passagem, o barulho invade o espaço físico e mental. Nenhum desses pedidos vem com aviso prévio e muitas vezes sequer são percebidos. O cenário urbano infiltra-se na rotina por todos os lados e vieses. Ainda que esses elementos passem despercebidos ou assimilados de forma natural, eles requerem atenção e esforço mental. Isso, somado à perspectiva de que 70% da população esteja morando nas cidades até 2050, faz com que cada vez mais sejam feitos estudos que refletem a relação entre planejamento urbano, arquitetura e saúde mental.

Os estudos somam esforços para entender como a vida urbana afeta o desenvolvimento cognitivo dos habitantes e qual o papel da cidade no desenvolvimento de transtornos mentais. Por outro lado, existem também pesquisas que pontuam os aspectos positivos dos centros urbanos. Elas analisam a inter-relação entre a vida humana e o ambiente que escolhemos para morar, do estresse causado por engarrafamentos até o bem-estar proveniente da arborização urbana.

O cérebro se adaptou às cidades

A igual divisão entre o espaço rural e urbano que o povo Himba tomou, na Namíbia, serviu como base deestudopara cientistas da Universidade de Londres. Em um dos experimentos, os pesquisadores empregaram uma tarefa básica de atenção espacial. Todos os participantes precisavam seguir um alvo em uma tela, indicado por setas, e deveriam ignorar as setas que apontavam em outras direções. Os habitantes que habitavam a zona rural ou mais remota apresentaram mais foco durante a tarefa.

A conclusão dos cientistas foi que o cérebro das pessoas que vivem no interior parece pronto a focar imediatamente em uma tarefa apresentada. Em contrapartida, os habitantes da cidade mostram-se preparados para explorar o cenário em constante mudança da vida urbana. Essa distinção, no entanto, demonstra apenas como a cidade condiciona seus moradores a funcionarem de maneira diferente.

Existem, como essa, diversas outras análises sobre o ambiente urbano. Estudos sobre a densidade, o uso do solo, a segurança viária, o desenho urbano e o impacto dos transportes tendem a apresentar bons resultados no ramo da saúde em geral, seja em impactos sociais ou econômicos, mas são poucos os estudos que levam em conta a saúde mental. Existem aprofundamentos que levam em conta a poluição sonora e visual e a falta de acesso a espaços verdes e o impacto que isso causa para o bem-estar das pessoas.

Essa foi a premissa adotada por um grupo de pesquisadores italianos para analisar a relação entre o ambiente urbano e o impacto na saúde mental dos habitantes. Independentemente dos papéis desempenhados pelos bairros e a desvantagem social individual. A análise foi feita a partir das variações na prescrição de antidepressivos em relação às dimensões específicas do ambiente construído em volta – densidade urbana, uso misto do solo, áreas verdes, serviços públicos, acessibilidade por meio de transportes públicos.

As análises foram feitas em Turim, na Itália, e o resultado obtido sobre a incidência de sintomas depressivos entre os adultos, medida pela prescrição de antidepressivos, diminuiu com a melhoria de algumas características específicas do ambiente urbano. Mas, principalmente, aos efeitos da densidade urbana e da acessibilidade ao transporte público. Em ambos os casos, os efeitos foram mais evidentes entre as mulheres e os idosos.

Em conclusão, os resultados da pesquisa sugerem que a distribuição de receitas de antidepressivos é, além de outros fatores conhecidos, sim, influenciada por alguns componentes urbanos. Os elementos da saúde mental devem, portanto, ser levados em conta ao se pensar “políticas urbanas e investir na prestação de serviços que melhoram fatores de resiliência, acima de tudo, investir em uma boa rede de transportes públicos, de uma forma cuidadosa e igualitária em toda a cidade”, destaca o estudo.

Sobre as evidências que apontam efeitos maiores em mulheres e idosos, o estudo indica que deve ser dada atenção aos grupos socialmente vulneráveis. Serviços de acessibilidade e de transporte podem ser facilmente modificados pelos tomadores de decisão como uma medida de compensação quando é impossível fornecer um serviço igualitário para todos. No escopo das bicicletas, falamos sobre a desproporção entre homens e mulheres e como a infraestrutura urbana não é amigável o suficiente para que todas as mulheres se sintam encorajadas a pedalar pela cidade.

Cidades são estruturas complexas, tanto quanto o cérebro humano. No entanto, a identificação de alguns elementos estressantes no ambiente urbano, como a pouca densidade e a falta de acesso ao transporte público, pode ajudar a pensar cidades melhores para as pessoas. Esses elementos podem, portanto, ser levados em conta por urbanistas para beneficiar, a partir do planejamento urbano, a cognição e a nossa saúde mental.


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O Novo Plano diretor e os Condomínios

Henrique Pimont - Arquiteto e urbanista
Jornal dos Condomínios
À parte de inúmeras questões cheias de polêmica, que envolvem a forma e os vetores de crescimento da cidade e nossas importantes áreas de preservação ambiental, uma característica do novo Plano Diretor, presente desde muito tempo nas discussões, é o incentivo ao uso misto em amplas áreas da cidade. Seja como solução para a mobilidade, seja como indutor da vida urbana, este incentivo é visto com muito bons olhos por quem estuda os processos de urbanização, por quem conhece ou já viveu, por exemplo, nas densas cidades europeias, cujo ambiente é invejado em todo o mundo.
Morar perto de onde se trabalha, ter um pequeno negócio formal dentro de casa, resolver tarefas do dia a dia sem depender de grandes deslocamentos, permitem que se diminua grande parte das viagens da população, contribuindo para a mobilidade geral da cidade.
Um planejamento urbano com áreas de atividade bem divididas e setorizadas uma vez foi o objetivo dos urbanistas que acabou transcrito em muitos planos diretores e embutido no sonho de cidade de grande parte da população. Hoje é o pesadelo dos gestores das cidades e de quem vive nelas.
Os grandes bairros “de subúrbio”, com casas e prédios exclusivos para moradia já foram o grande sonho de consumo de todo cidadão. Hoje esse sonho impõe às famílias as longas horas no trânsito e a necessidade de usar o carro até para chegar à padaria mais próxima.
O Jornal dos Condomínios já veiculou textos comentando sobre os prejuízos que os grandes condomínios fechados trouxeram para as cidades, trocando a liberdade das ruas pela segurança dos muros altos e sistemas de vigilância particulares. Esta mesma matéria sabiamente esclareceu o quão inevitável esta solução pareceu em muitos casos, mas o quanto inegavelmente contribui para o aumento da insegurança nas ruas e cidades.Da mesma forma, sequencias de condomínios residenciais verticais, com suas portarias espelhadas e fachadas de garagens, resultaram em ruas vazias, desinteressantes, inseguras.
O uso misto foi algo até bastante comum por algum, presente em alguns importantes edifícios da cidade. Galerias comerciais no térreo de edifícios de apartamentos e até escritórios não são exatamente comuns, mas existem espalhados pelo nosso centro mais tradicional. Os ciclos de decadência urbana da região levaram alguns desses edifícios a não figurar como ícones de “desejo de consumo” da população, certamente não por conta dessa saudável mistura de usos. Seguem até hoje densamente ocupados e economicamente saudáveis.
Em contrapartida, áreas da cidade algum dia ricas de vida urbana, com a valorização imobiliária, foram aos poucos se esvaziando, transformando-se “ruas desertas”. Lembro de quão vivas eram até os anos 80 as calçadas da Avenida Beiramar Norte, com seus diversos bares e restaurantes. Hoje, com os condomínios residenciais exclusivos, um após o outro, há trechos em que só se anda em segurança durante o dia.
Vejo temeroso este processo de ocupação se repetir na rua Bocaiúva. Quando surgem novos edifícios residenciais, os térreos que poderiam ser ocupados com pontos comerciais ou de serviços se transformam em meros acesso aos condomínios, onde todos chegam de carro, em portões cegos de garagens.
Recentemente um empreendimento me chamou atenção positivamente. Numa esquina da Avenida Gama d’Eça, no térreo de um prédio de alto padrão, um supermercado veio brindar a vizinhança. Uma esquina que durante a obra parecia estar fadada a virar mais uma “fachada cega” de garagens, acabou virando um “ponto de luz” ao longo da calçada, trazendo comunicação com a cidade, movimento de pedestres e comodidade aos moradores do próprio condomínio e das redondezas.
Essa nova modalidade certamente traz desafios. Aos cidadãos, reconsiderar a ideia de morar em edifícios que não sejam exclusivamente de moradia. A arquitetos, desenvolver projetos bem resolvidos onde o comércio esteja devidamente valorizado e a privacidade de moradores garantida. A síndicos e condôminos, disposição e capacidade para elaborar e administrar regramentos satisfatórios para as diversas atividades. Mas certamente traz também grandes oportunidades.
O uso misto dentro da cidade traz consigo o conceito de “fachada ativa”, no qual uma determinada parcela da frente do lote é destinada a atividades de uso público, que se relacionem com a rua, que ofereçam acesso e serviço ao pedestre. Justamente o contrário das portarias espelhadas, dos pavimentos garagem, que empurram o primeiro olhar “companheiro” para um eventual morador na janela ou sacada vários andares acima da rua.
Além disso, considerando o acesso e uso público, estas fachadas ativas abrem espaço para jardins frontais com mobiliário urbano, abertos ao uso e à circulação das pessoas, estendendo a área tão restrita das nossas calçadas.
No estágio atual da nossa sociedade ou civilização essa ideia ainda pode assustar um pouco, acostumados que estamos a nos “proteger” da vida urbana. Mas é a oportunidade para que os verdadeiros cidadãos tomem posse da cidade, ocupem os espaços coletivamente, transformem as ruas não só em lugar de disputas de trânsito, mas em espaços de circulação e vida.

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Onde a inovação não chega

A inovação governamental é fundamental problemas complexos

André Tamura
WeGov

A inovação é uma pauta atual. No setor público ela começa a aparecer cada vez mais nas agendas e nos programas de governo. Isso é ótimo pois os problemas complexos que pulam em nossas timelines, normalmente estão relacionados com as competências das nossas instituições públicas. E a inovação governamental é fundamental para solucioná-los.

Porém, existe uma camada do setor público, que parece completamente alheia a tudo que acontece no mundo, nenhuma inovação chega até lá. Essa “camada” — vou chamá-la de “umbral governamental (UG)”- é dominada por ações inexplicáveis.

O que é o Umbral Governamental

Recentemente o IPEA divulgou, em nota técnica, uma pesquisa em que os servidores públicos responderam sobre suas percepções com relação à burocracia dos processos internos, questões logísticas, de tecnologia da informação e comunicação, entre outros. Boa parte do “UG” está explicitada na nota.

No “UG” os servidores e agentes públicos vivem uma realidade paralela, aprisionados num universo onde as coisas perderam o significado. O trabalho não faz mais sentido. As pessoas que estão no “UG” não sabem as respostas e pararam de fazer perguntas.

Com todos os avanços que a gestão pública vem conquistando, o “UG” mantém-se impenetrável. Não há inovação capaz de superar o modelo mental que impera no “UG”. Não existe confiança e colaboração entre as pessoas, o “sistema” é sempre o culpado por “ser” sempre desse jeito. “É assim, eu não posso fazer nada.” — é a frase mais dita no “UG”.

Como transformar o Umbral Governamental

É incrível e paradoxal para nós, que capacitamos servidores em inovação, termos que passar pelo “UG” em cada etapa do relacionamento com as instituições. Por exemplo, em uma das práticas do umbral, temos que enviar para os estagiários responsáveis, uma declaração reconhecida em cartório de que nós não empregamos menores na WeGov! Ficamos felizes de parecermos mais jovens do que somos, mas essa demanda tem um custo para nós…

As pessoas importam muito, e para sairmos do umbral, devemos prepará-las em suas competências humanas ao invés de dar-lhes um tipo de trabalho que um bom algoritmo pode fazer muito melhor.

Uma abordagem fundamental é a da motivação adequada das pessoas, não somente “acredite nos seus sonhos”, mas que possa entregar valor e significado para os servidores e que isso seja extrapolado em inovações no serviços ao público.

3 elementos para inovar o umbral

Autonomia: O servidor que tem liberdade de escolha para tomar decisões consegue inovar mais. Com o acesso à informação que temos disponíveis hoje, boa parte dos documentos requeridos, comprovantes, certidões e declarações podem ser checados e validados com buscas rápidas na internet e redes sociais. A autonomia do servidor público gera economia de recursos e celeridade nos procedimentos — inovações sempre bem-vindas.

Excelência: A maioria dos servidores públicos, possuem a ânsia de melhorar o umbral, eles buscam se capacitar e sabem que tem potencial para fazer melhor. Capacitar-se nas competências certas é fundamental para transformar o umbral, é importante buscar a excelência e conectá-la a um propósito. Se seguirmos buscando uma “excelência em datilografia”, o umbral vai prevalecer.

Propósito: Aqui a linha entre vida profissional e pessoal fica tênue, quase transparente. Um propósito maior que o próprio umbigo pode ser determinante para a transformação do umbral, a vontade de executar o trabalho em nome de algo superior (não do superior). Esse propósito é o que faz o servidor levantar da cama e resistir, mesmo depois de várias pancadas na cabeça.

Não sabemos o caminho das pedras para livrar as instituições e seus servidores do “UG”. De uma coisa temos certeza, se as inovações não chegam até lá, temos que criar inovadores. Um servidor público com autonomia, que busque melhorar suas competências e tenha um propósito maior do que conforto e estabilidade, pode transformar o “UG”.


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A lei da assistência técnica e a importância social da arquitetura

Tornar a arquitetura acessível é um processo longo e delicado que pode ser alcançado com a conscientização do papel social da profissão e estratégias políticas...

Arquiteta e Urbanista - Camilla Ghisleni
Archdaily

Dois quartos, sala, cozinha e banheiro. O que parece ser a descrição contida em um classificado de jornal, na realidade, está muito longe disso. Os dormitórios voltados para sul não recebem luz necessária para possibilitar um ambiente salubre. O mofo e bolor corroem as paredes da habitação principal impregnando os pulmões de umidade e dificultando a respiração. A pequena janela, encontrada no terreno baldio próximo, não consegue suprir a necessidade de luz e ventilação no quarto das crianças, quarto este que agora se tornou insuficiente com a chegada do novo bebê. Os problemas estruturais encontrados no telhado, ocasionados pelo mal dimensionamento das vigas e a precária instalação elétrica, feita pelo próprio morador, são outras dificuldades que tornam a residência em questão uma bomba relógio.

O sonho da casa própria aos poucos desmorona.

Tais desafios causados pela precariedade da autoconstrução demonstram um antigo problema, a falta de auxílio técnico profissional no momento do projeto e da execução da obra. Infelizmente, hoje em dia, apenas uma pequena porção dos cidadãos consegue usufruir do trabalho de um profissional de arquitetura e/ou engenharia. Este fato resulta em uma enorme quantidade de habitações precárias – geralmente mais caras do que se tivessem sido construídas com a assistência – repletas de problemas relacionados não só ao conforto térmico mas também às questões estruturais.

Mas por que há esse abismo entre o cidadão necessitado de assistência profissional e os escritórios de engenharia e arquitetura? Escuto de muitos colegas de profissão reclamações recorrentes, a falta de trabalho, a dificuldade de inserção no mercado, a competitividade e disputa por reconhecimento profissional. Somado a tudo isto está essa mesma insatisfação perante o distanciamento entre a arquitetura social e engajada e o trabalho que se tem feito dentro dos escritórios. Todos estes problemas parecem se relacionar ao caráter elitista da profissão que vem desde os currículos universitários que não abrem espaço para disciplinas sociais e discussão de prioridades na criação de cidades mais justas e democráticas. Apesar da arquitetura mundial ter começado a dar indícios de um maior reconhecimento em relação a posição social da profissão – como o prêmio Pritzker 2016 enfatizando o trabalho e engajamento de Alejandro Aravena– ainda há muito status envolvido na profissão do arquiteto. Há a fomentação de uma ideia de arquitetura ‘autoral de sucesso’ que recebe destaque somente através de grandes obras de alto padrão. Estruturas devidamente elitizadas que trabalham com clientes de peso como única alternativa para alcançar o reconhecimento profissional. A arquitetura submete-se aos desejos de uma pequena classe, sendo constantemente associada a uma necessidade supérflua, situação que ignora a população que realmente a necessita. Há uma inversão de valores e o sonho de uma arquitetura democrática e social se afasta cada vez mais da atuação profissional.

Pois então, de que adianta alcançarmos reconhecimento com grandes obras se fracassamos no papel social da profissão?

Tornar a arquitetura acessível é um processo longo e delicado. Além da urgente e necessária conscientização do papel social da arquitetura, que começa dentro das escolas, estão surgindo estratégias políticas que alimentam uma atmosfera mais esperançosa para tal situação. A principal delas, hoje, talvez seja a promulgação da Lei da Assistência Técnica Gratuita n.º 11.888/08 que permite a assistência técnica publica gratuita no projeto de habitações para famílias com renda mensal de até três salários mínimos. Trata-se de um fundo de recursos públicos que possibilita a contratação de profissionais de arquitetura e engenharia para a construção destas residências.

O trabalho pode contemplar desde melhorias simples como abertura de janelas, redistribuição dos cômodos, até projetos mais complexos como reforço estrutural, dimensionamento de pilares e vigas, restruturação de projetos elétricos e hidráulicos. Além disso, por meio da lei, será possível qualificar o uso e aproveitamento do espaço edificado e seu entorno, formalizar o processo de construção e evitar a ocupação de áreas de risco e de preservação permanente. Vale ressaltar ainda que a assistência técnica pode ir mais além e atingir os processos de urbanização como a requalificação e projeto de praças, ruas e parques.

É justamente através de um trabalho individual e personalizado que a lei da assistência técnica surge como um importante passo para a democratização da condição habitacional no país. Essa característica afasta o projeto dos empreendimentos massificados e reproduzíveis, como o Minha Casa Minha Vida, já que mantém as famílias nos lugares onde vivem, usufruindo da infraestrutura – em alguns casos – já existente.

Apesar de estar em vigor desde 2008, o desconhecimento desta lei faz com que ela seja ignorada na grande maioria das cidades brasileiras, aumentando o distanciamento entre o profissional e a comunidade carente. Tendo em vista a importância da atuação social do arquiteto e valendo-se dessa lei, um grupo de estudantes e jovens arquitetos, juntamente com o IAB/SC, lançaram um financiamento coletivo para iniciar a implementação da lei em Florianópolis. Por meio deste projeto, a ONG Peabiru será convidada a ministrar a oficina que capacitará uma equipe multidisciplinar envolvendo arquitetos, engenheiros, advogados, assistentes sociais e os próprios moradores como agentes do processo. Atuando em uma comunidade local, o grupo diagnosticará os problemas e traçará diretrizes de atuação além de definir uma agenda para a implementação da assistência técnica.

É um pequeno passo para uma luta gigante. Mas por acreditar na importância social da arquitetura e no sonho de torna-la acessível e democrática a todos é que se lança esse desafio. Através de iniciativas independentes como esta alimenta-se um novo campo de ação para os arquitetos fazendo-os sair dos escritórios em altos prédios comerciais e encontrar a periferia, fomentando o real envolvimento com a comunidade.

Coletivamente, a luta pela democratização da profissão do arquiteto alcançará a margem, as habitações informais, o cidadão carente. E mudar a vida de uma pessoa através da arquitetura é o melhor reconhecimento que poderíamos ter dentro da nossa profissão.

 

Comunidade Mont Serrat em Florianópolis
Comunidade de Vila Aparecida na Grande Florianópolis
Comunidade Vila Aparecida na Grande Florianópolis