Caminhada percorreu pontos da região leste da capital | Foto: Ana Araujo-CAU/SC
Em diversas cidades do mundo, as caminhadas Jane Jacobs, ou Jane´s Walk, mobilizam pessoas interessadas em ocupar os espaços públicos e debater a relação do pedestre com a cidade. No dia 5 de junho, aconteceu mais uma edição da ação em Florianópolis, dentro da programação do 1º Encontro das Comissões de Políticas Urbanas e Ambientais da região sul (CPUA-Sul).
Promovida pelo coletivo Caminhada Jane Jacobs Floripa desde 2013, a última edição, realizada em parceria com o O CAU/SC conduziu os participantes do Encontro da CPUA-Sul (arquitetos e urbanistas que integram as comissões nos CAU dos três estados e também no CAU/BR) por uma visita na área leste do centro histórico de Florianópolis. Aberto à comunidade, o evento também contou com a participação de interessados no debate sobre a ocupação do espaço e dialogou com atores que vivem o centro da capital.
A área central leste é assim definida a partir da localização da praça XV de Novembro. Nela, estão exemplares de algumas das principais edificações históricas mais importantes da cidade, com o Museu da Escola Catarinense (MESC), a antiga escola Antonieta de Barros, o Museu Vitor Meireles, o Terminal Urbano Cidade Florianópolis, a Casa José Boiteux (onde funciona a Fundação Catarinense de Cultura).
.:. Veja o álbum de fotos da caminhada .:.
A caminhada foi conduzida pelo arquiteto e urbanista Gustavo Andrade, do coletivo Caminhada Jane Jacobs, do coletivo Caminhada Jane Jacobs Floripa. Para ele, esta edição da caminhada teve o diferencial de contar com um público altamente sensível a temáticas ligadas ao patrimônio e conservação dos centros históricos. “Foi um grande prestígio contar com participantes das CPUAs e também do CAU/BR. Também foi muito interessante poder contar com diferentes atores que tem ação e atuação no centro leste de Florianópolis e que puderam expressar as diferentes pontos de vista sobre a transformação do centro histórico”, avaliou o arquiteto e urbanista, que também integra a Câmara Temática de Estudos Urbanos do CAU/SC.
Os diferentes pontos de vista apresentados pelos atores convidados demonstram sintonia com a proposta do Encontro da CPUA-Sul e CPUA Itinerante, observou a coordenadora da CPUA-CAU/SC, Jaqueline Andrade. “A cidade é um território de conflito, por isso falamos de territórios complexos: os atores agem e pensam diferente. O desafio é justamente construir uma cidade com as diversas opiniões”, afirmou a arquiteta e urbanista.
Veja por onde circulou a caminhada Jane Jacobs:
O encontro partiu do Centro Sapiens. O espaço anexo ao Museu da Escola Catarinense foi criado com a intenção de atrair empresas da chamada indústria criativa. O grupo foi recebido na área entre o Mesc e o antigo colégio Cruz e Souza, onde o centro procura estabelecer um coworking gratuito a céu aberto.
O segundo ponto de parada foi o bar Tralharia, espaço cultural símbolo da região tradicionalmente boêmia do centro. A atividade dos bares mantém a ocupação noturna das ruas centrais, complementando as atrações do período diurno, como o comércio de rua. Guto Lima, proprietário do empreendimento, abriu o bar pela manhã exclusivamente para receber os participantes da caminhada e dialogar sobre o desenvolvimento da região.
Em seguida, o grupo fez uma pausa para conversar com Adriano Crippa, funcionário de um sebo local. A venda de livros usados também é uma atividade que caracteriza aquela região.
Os participantes da caminhada também fizeram uma parada na Avenida Hercílio Luz. Uma das principais vias da região, a rua se estende sobre uma obra de canalização do Rio da Bulha que foi concluída há pouco mais de dez anos. Ali, a Caminhada refletiu sobre o uso da bicicleta nos centros urbanos. O convidado para provocar o debate foi o cicloativista Vinícius Leyser, da rede de ciclistas Bike Anjo.
Em uma parada na Travessa Ratcliff, o grupo foi recebido por Denílson Machado e Irma Manuela Paso, integrantes do Instituto Arco-Íris Direitos Humanos. A organização não-governamental desenvolve projetos de atendimento a moradores de rua e de prevenção a à Aids da região central há mais de vinte anos. Na conversa, falaram sobre as demandas das populações vulneráveis que vivem e interagem naquela região.
O Museu Histórico de Santa Catarina, que tem sede no Palácio Cruz e Sousa, foi o ponto final da caminhada Jane Jacobs. Antigo palácio do governo, o edifício é um exemplar arquitetônico do final do século 19.
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