A reserva técnica (RT) é uma prática justa? Por que o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) faz diferença para a valorização profissional? Como dirimir problemas e oferecer contratos e propostas claras de trabalho para os clientes? Dilemas que fazem parte do cotidiano dos arquitetos e urbanistas e que são passíveis de infrações éticas estão no centro das discussões propostas pelas oficinas “Mudança de paradigma na atuação do arquiteto e urbanista”. O projeto da Comissão de Ética e Disciplina (CED-CAU/SC) reuniu profissionais interessados no aprimoramento da profissão em Blumenau no dia 4 de novembro.
O projeto foi lançado em 2017 com a intenção de estimular o debate sobre as questões éticas e oportunizar o diálogo entre os arquitetos e urbanistas do CAU, que tem a função de fiscalizar o seu exercício profissional. Neste ano, a CED buscou dar ao encontro um formato capaz de oferecer embasamento e garantir a ampla discussão.
Organizados pela arquiteta Amanda Tiedt, os encontros contam com três momentos distintos. Na primeira parte, a CED apresenta o trabalho do CAU e os principais dispositivos do Código de Ética. Em seguida, o público participa de um debate no formato “aquário”, em que tem oportunidade de se pronunciar sobre os temas levantados durante a apresentação e contar com a escuta atenta dos colegas. Em diálogo aberto, surgem os relatos sobre os desafios que os arquitetos encontram no dia-a-dia da relação com o cliente e a concorrência. Na última fase, o debate assume o formato “word café”: os participantes se revezam em grupos para propor soluções para os principais problemas apontados. “O evento foi pensado para mostrar a estrutura do código de ética e ouvir os arquitetos nas suas angústias, anseios e desafios”, conta a coordenadora Rosana da Silveira.
Outro diferencial da oficina é a participação de diferentes atores do CAU/SC, o que oportuniza uma discussão integrada e aprofundada. Além de representantes da CED, o encontro conta com a participação da assessoria jurídica, da gerência de fiscalização e também de outros conselheiros. “Ter uma pessoa do meio jurídico nos ajudou muito a esclarecer questões sobre contratação de mão-de-obra, responsabilidade nossa e do cliente diante destes profissionais. Pudemos entender melhor as informações que precisamos fazer constar nestes contratos”, exemplifica a arquiteta Schirley Herwig.
“Participar deste encontro foi muito importante por que tivemos a possibilidade de conversar com quem está sempre nos assistindo de longe. Foi importante para que pudéssemos passar as nossas angústias para o CAU apontar soluções e nos ajudar a resolver”, avaliou a arquiteta Manuela Laís Beninca. Ela também destacou a troca profissional como ponto forte do encontro. “Encontramos muitas soluções, pois as dores de alguns colegas já tinham sido enfrentadas por outros no passado”, afirma.
Os relatos das oficinas com as contribuições dos participantes serão analisados pela CED-CAU/SC e podem ajudar a aprimorar a política profissional. No total, serão seis encontros por todas as cidades-polo do CAU/SC em Santa Catarina. Além de Blumenau, os oficinas da CED-CAU/SC também aconteceram em Florianópolis, Chapecó e Joinville. Outras duas cidades serão contempladas em novembro: Lages, no dia 12, e Criciúma, no dia 13. Ambas as oficinas estão com inscrições abertas na agenda do CAU. “A partir destes encontros, poderemos ter um entendimento de qual é a situação vivenciada pelo arquiteto catarinense”, afirma a conselheira Rosana.