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Foto: Felipe Wagner

Arqª Daniela Sarmento*

Em breve, as mulheres serão mais de 75% na arquitetura e urbanismo no Brasil. O que isso significa para o futuro do exercício profissional da arquitetura brasileira? Esta foi a reflexão que procuramos estimular durante a Roda de Conversas Mulheres na Arquitetura, atividade que inaugurou a programação do Seminário Arquitetura e Política  – os desafios da representação profissional na Arquitetura e Urbanismo.

Em Santa Catarina somos em 8.651 profissionais arquitetos e urbanistas ativos registrados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo. Destes, 5.717 são mulheres, representando 66% dos profissionais no estado, índice acima da média nacional que é de 63% de profissionais mulheres. A proporção se repete no universo de colaboradores do CAU/SC (empregados, estagiários e terceirados): 66% de mulheres, exatamente o dobro de colaboradores homens.

A predominância feminina na profissão tende a aumentar nos próximos anos, uma vez que a parcela de mulheres estudantes já atinge 75%.

No entanto, as mulheres enfrentam obstáculos para a representatividade feminina principalmente nas posições políticas e de destaque nas organizações no setor. A maioria dos dirigentes das entidades profissionais reconhecidos pela atuação profissional são homens.

Em Santa Catarina, na Gestão 2018-2020, temos a composição Plenária do Conselho paritária: 50% homens e 50% mulheres, entre os conselheiras titulares. O Conselho Diretor também é paritário: temos três conselheiras e 3 conselheiros. Nas coordenações das Comissões (ordinárias, especiais e temporária) são 5 mulheres e 2 homens.

Desde o ano passado, o CAU/SC incorporou no seu Planejamento Estratégico o desenvolvimento de ações que busquem atingir metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, sendo que o Objetivo 5 trata especificamente de alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Somos signatários dos “Princípios do Empoderamento das Mulheres” e assumimos publicamente o compromisso com a agenda de promoção à equidade de gênero em todas as suas instâncias organizacionais e em seu relacionamento com a sociedade.

Assim, o CAU/SC procura, de forma transversal, promover e desenvolver estratégias para garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança nos mais variados níveis de tomada de decisão, seja na participação nos espaços de representação, seja na valorização das profissionais arquitetas e urbanistas.

Entendemos que é preciso provocar o debate, porque acreditamos que o cenário que se avizinha muda absolutamente tudo. As mulheres precisam se preparar conquistar a equidade e tomar seu lugar, pois até hoje a história da arquitetura foi construída e contada a partir da participação predominante dos homens.

Precisamos compreender o papel político desse cenário. Entender onde estão as mulheres nesse contexto, as pautas que nos interessa, qual perspectiva trazemos, o que nos diferencia e qual contribuição temos a dar. Problematizar a condição das mulheres na arquitetura com intenção de identificar a pauta que cabe às entidades da arquitetura e urbanismo e ao CAU. Potencializar para avançar no aprimoramento da nossa condição profissional fomentando ações mais abrangentes, que promovam a inclusão, a equidade e contemple as necessidades das mulheres nesse novo cenário de mudança.

Mais do que traços, espaços e formas cabe a nós, enquanto arquitetos e urbanistas, impactar vidas, estamos falado das nossas vidas e a condição que temos para transformar e ressignificar a nós mesmos e nossas cidades.

 

*Presidente do CAU/SC


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