Foto: Felipe Wagner - CAU/SC
Em um futuro breve, as mulheres serão cerca de 75% da categoria na arquitetura e urbanismo. A projeção, que considera a atual proporção de profissionais inscritos e estudantes nas escolas de arquitetura, foi evocada pela presidente do CAU/SC, Daniela Sarmento, durante a abertura da Roda de Conversas Mulheres na Arquitetura. A atividade abriu a programação do Seminário Arquitetura e Política – os desafios da representação profissional na Arquitetura e Urbanismo, nesta quarta-feira, 3 de julho, no Museu Histórico de Santa Catarina, sediado no Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis.
As mulheres são 63,10% (105.420), entre os/as inscritos/as nos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo. Em santa Catarina, este percentual sobe para 68%. Elas também são a grande maioria entre as estudantes de arquitetura (67%) e na população de arquitetos/as com idade entre 20 e 25 anos (79%). “Somos maioria, mas não vivemos esta equidade. Sabemos que a história da arquitetura foi contada a partir da presença dos homens. As mulheres e também os homens precisam se preparar para este novo cenário” afirmou a presidente.
A baixa representatividade das arquitetas foi apontada durante a apresentação da vice-presidente do CAU/BR, Lana Jube. A proporção de mulheres nas diretorias das entidades segue baixa: elas representam 32% na ABEA, 27% da AsBEA, 38% da FNA e 36% no IAB. Apenas em duas das mais importantes entidades nacionais as arquitetas tem participação proporcionalmente maior: a FeNEA (65%) e a ABAP (69%). “A questão do gênero permeia a nossa vida o tempo inteiro e a cidade reproduz uma sociedade que não é feita para as mulheres e para as minorias”, observou.
A roda de conversa contou com a participação de representantes das principais organizações da categoria em nível nacional e estadual, reunidos em Santa Catarina para a 46ª Reunião do Colegiado de Entidades de Arquitetura e Urbanismo. Em sua intervenção, o presidente do CAU/BR, Luciano Guimarães, parafraseou a historiadora Beatriz Colomina, declarando que “As mulheres são os fantasmas da arquitetura moderna, sempre presentes, cruciais, mas estranhamente invisíveis”. “Os desafios da representação profissional só podem ser resolvidos em conjunto. Quando decidimos defender a arquitetura e urbanismo para todos, foi também com o objetivo de que o protagonismo feminino no CAU alcance o mesmo patamar que na profissão”, afirmou.
Dividido em duas partes, o debate foi mediado pela arquiteta Camila Abad, integrante da Câmara Temática Mulheres na Arquitetura. As convidadas para a primeira rodada foram a vice-presidente do CAU/BR, Maria Eliana Jubé Ribeiro; presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP), Luciana Schenk; a representante da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura (FENEA), Beatriz Vicentin Gonçalves; a representante da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Lisboa Mascia. A segunda parte teve ainda participação da representante IAB/SC, Taiza Eunice dos Santos, da ASBEA/SC, Patrícia Moschen; do SASC, Renata Meirelles, da FENEA Sul, Nicole Dias, e da presidente do CAU/SC, Daniela Sarmento. Cada etapa contou ainda com a contribuição do público presente.
A roda de conversas “Mulheres na Arquitetura: os desafios para atuação e representação profissional” teve o apoio da Câmara Temática Mulheres na Arquitetura do CAU/SC. Mais de 50 arquitetas/os e urbanistas, representantes de entidades da categoria participaram do encontro, que marcou também a primeira fase do Ciclo de Debates “Mulheres na Arquitetura e a Construção da Inclusiva para as Mulheres”. O projeto é desenvolvido pela Assessoria Parlamentar do CAU/BR em parceria com GT de Mulheres do Fórum dos Presidentes e Comissão Temporária de Equidade de Gênero do CAU/BR. Uma intensa agenda de encontros itinerantes com o objetivo de consolidar uma política para a equidade de gênero dentro do CAU está prevista na agenda. Depois de Florianópolis, também devem haver encontros em Salvador, Sergipe, Porto Alegre, Rio Branco, Brasília, Fortaleza e São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo a presidente do CAU/SC, Daniela Sarmento, o evento pretende fortalecer a cultura do diálogo para refletir sobre o trabalho e o espaço das arquitetas e urbanistas no mercado de trabalho. “O objetivo é propiciar um ambiente profícuo para a participação feminina nos espaços de representação profissional. Queremos pensar o futuro da arquitetura, discutir o papel político desse cenário, compreender onde estão as mulheres neste contexto, quais pautas nos interessam, que perspectiva trazemos, o que nos diferencia e como podemos contribuir”, afirmou.
Acompanhe mais repercussões da Roda de Conversas Mulheres na Arquitetura nas próximas semanas nas nossas redes sociais e veja o álbum de fotos do evento.
Assista ao debate:
Na quinta (4 de julho), aconteceu também a Mesa de debate – Papel das Entidades de Arquitetura e Urbanismo frente aos desafios da política profissional.