Abril é o mês da conscientização do autismo no mundo. Entre várias características e necessidades que cercam o espectro, coloca-se a questão do que nossas cidades têm feito para se tornarem mais inclusivas. Nesta data, é importante para nós arquitetos e urbanistas discutirmos como fazer projetos arquitetônicos, requalificações urbanas e reformas inclusivas para todos.
Nossa profissão passa por transformações diárias. Como no caso da pandemia da Covid-19, que transformará a forma de projetar ventilações, fontes de iluminação natural e fluxos de circulação. No caso dos autistas, diversos estudos atestam sua sensibilidade para cores quentes, ruídos agudos, ambientes fechados, comunicação visual confusa e falta de hierarquização dos espaços.
Com observação meticulosa e poética, sem preconceitos, é preciso deixar a realidade e o lugar falarem diretamente com o usuário. Privilegiar a experiência, a sensibilidade para com o próximo. Mais do que nunca os projetos de Arquitetura e de Urbanismo devem focar na inclusão pela inserção.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo sempre trabalha suas iniciativas com base na Agenda 2030 e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Destaque-se que a acessibilidade aos autistas está diretamente ligada ao vários desses objetivos:
- Objetivo 03: Assegurar uma vida saudável e promove o bem estar de todos;
- Objetivo 09: Construção de infraestruturas resilientes;
- Objetivo 10: Redução da desigualdade entre as pessoas;
- Objetivo 11: Tornar cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;
- Objetivo 16: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para um desenvolvimento sustentável.
Observando as necessidades especiais que os autistas apresentam diante dos projetos, percebe-se que essas preocupações não beneficiam apenas aqueles que estão no espectro, mas todos os usuários. Qual escola não necessitária de zonas urbanas menos ruidosas? Qual usuário não se sentiria melhor em ambientes hierarquizados, pensados racionalmente por meio de organogramas e fluxogramas? Quem não deseja calçadas conexas ou transportes públicos sem ruídos e aglomeração?
Pensar o ambiente construído para os autistas, tanto na escala arquitetônica como na escala urbanística, é um fazer holístico: ao contemplar as necessidades do espectro autista, o arquiteto atinge todos os tipos de usuários. Dos habilidosos àqueles com dificuldades de locomoção; dos surdos aos ouvintes; das crianças aos idosos. Projetos arquitetônicos não podem ser perfunctórios, precisam vim carregados de sensibilidade, inclusão e principalmente respeito aos usuários.
Nikson Dias, arquiteto e urbanistas e pai do Miguel!
Fonte: CAU/BR